Espaços e Redes de Sociabilidade

Sociedade civil ou movimentos sociais tornaram-se conceitos amplamente divulgados mas também extraordinariamente indefinidos. Não obstante, a proliferação de associações voluntárias foi um fenómeno que atingiu todos os regimes liberais oitocentistas. Na passagem dos formatos de «solidariedade mecânica» inerentes às sociedades ditas tradicionais, para a «solidariedade orgânica» das sociedades ditas modernas, o associativismo local, translocal e transnacional assumiu novas modalidade de organização das pessoas, com intervenção em níveis diferenciados e com um papel incontornável enquanto objecto de análise para as ciências sociais e humanas.
O movimento associativo contemporâneo é uma realidade heterogénea, dinâmica e porosa face às conjunturas históricas em que emergiu e se desenvolveu, bem como às esferas governamental e privada. Desafiamos os investigadores a avaliar o seu papel na laicização das sociabilidades, na oposição ao paradigma liberal, na reacção ao autoritarismo, na construção das arenas políticas nacionais e internacional, entre outros processos em que a acção colectiva foi historicamente determinante.
Esperamos poder cruzar e debater múltiplos quadros interpretativos e desígnios de investigação consagrados à análise de distintos fenómenos relacionados esta realidade: a participação cívica; a auto-organização e a gestão partilhada de recursos; a massificação e internacionalização da intervenção política; a resistência cultural, entre outros.